Há
mais de 30 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeriu que se comemorasse em
20 de novembro o Dia Nacional da Consciência Negra, pois essa data era mais
significativa para a comunidade negra brasileira do que o 13 de maio.
"Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão", assim
definia Silveira o Dia da Abolição da
escravatura em um de seus poemas, referindo-se à lei que
libertou os escravos, mas sem lhes dar condições de trabalhar e viver com
dignidade.
Em
2003, o Congresso Brasileiro aprovou uma lei federal criando esse dia. A mesma
lei tornou obrigatório nas escolas o estudo sobre história e cultura
afro-brasileira. A ideia é ensinar aos alunos de todo o país a história dos
povos africanos, a luta dos negros no Brasil e a influência do negro na
formação da sociedade nacional.
O
dia 20 de novembro é aniversário da morte de Zumbi, grande líder
guerreiro do quilombo dos
Palmares, assassinado em 1695, há mais de 300 anos. Ele é
considerado símbolo da resistência contra a escravidão, por isso, as entidades
e organizações não governamentais dos movimentos negros no Brasil definiram
esse dia para manter viva a memória dessa figura histórica e sua importância na
luta pela libertação dos escravos.
Você
sabe o que é um quilombo? A palavra é de origem africana e quer dizer
acampamento guerreiro na floresta. Quando os escravos conseguiam fugir, iam
para os quilombos escondidos no meio das matas. Palmares, na Serra da Barriga
(Alagoas), foi o maior deles todos e, na verdade, era formado por muitos
quilombos juntos, com mais de 30 mil habitantes. Para você fazer uma ideia do
que isso significa, a cidade de São Paulo, 250 anos mais tarde, teria apenas 25
mil habitantes.
Zumbi
nasceu em Palmares, filho e neto de guerreiros de Angola, na África,
escravizados e vendidos no Brasil. Com poucos dias de vida, foi sequestrado e
entregue a um padre que o batizou com o nome de Francisco. Aos 15 anos,
Francisco que havia aprendido português e latim, fugiu e voltou para o
quilombo, onde mudou seu nome para Zumbi que significa "Senhor da
Guerra", "Fantasma Imortal" ou "Morto Vivo", no idioma
africano banto. Daí em diante chefiou os negros nos combates contra
bandeirantes e capangas dos fazendeiros que queriam escravizá-los novamente.
Foi traído e morto numa emboscada aos 40 anos, depois de passar a vida lutando
pela liberdade.
A
história sempre é escrita pelos vencedores. Assim, no caso de Zumbi e da
resistência negra, todos os registros foram apagados pelas pessoas que
conservaram o poder ao longo do Império e na República: a elite governante, a
quem não convinha a figura de um herói negro nos livros escolares. Nos últimos
30 anos essa atitude vem mudando e procura-se resgatar fatos sobre a influência
negra na formação do Brasil.
Hoje
em dia, os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país
está marcado por preconceitos e diferenças sociais. É um dia para todos
pensarem na situação do negro, antes escravo e hoje ainda deixado de fora das
oportunidades de trabalho e estudo no Brasil.
*Jurema Aprile é jornalista.
Fonte:http://educacao.uol.com.br/datas-comemorativas/1120---dia-da-nacional-da-consciencia-negra.jhtm
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