Jauberth Abijaude - Prof. da UESC |
Hoje eu tenho 39 anos, portanto, falo de momentos de um passado bem recente, desde que comecei a entender as coisas ao meu redor, e, isso foi aproximadamente em meados da década de 80.
De lá para cá tivemos 4 prefeitos: Gilka Badaró (6 anos), Mino (4 anos), Gilka Badaró (4 anos) Mino (4 anos), Paulo Martinho (4 anos) e Marcos Dantas (que vai completar 8 anos), totalizando 30 anos... nesse período, essas pessoas deram destino a mais de R$ 900.000.000,00, (Novecentos Milhões) segundo sites dos governos Estadual e Federal e do IBGE.
Cada um deixou a sua marca. Vou abordar apenas as positivas. Gilka ficou famosa por calçar vários bairros, realizar as melhores micaretas da Bahia, fazer a cidade ser campeã no Intermunicipal, incentivar o esporte e inovar com o Micapedro. Mino contribuiu com o Fórum, com a Penalty, com os terrenos do Bairro Novo Itajuípe, e chegou a colocar 50 ônibus para Santo Amaro para que os itajuipenses pudessem prestigiar a seleção. Paulo Martinho foi menos feliz, e dentro do revezamento com Molico, não me lembro de nada que possa ser elencado.
Mas, depois desses 30 anos e mais de R$ 900.000.000,00 de arrecadação eu sinto falta de algumas coisas que passaram despercebidas por nossa população:
• Nosso cinema e teatro virou um supermercado, enterrando de vez um espaço que nenhuma cidade do porte de Itajuípe tem hoje, imagine naquela época.
• O Clube Bahia, que antes era palco das festas mais badaladas da cidade virou academia, desabou, foi um lava-jato e hoje é uma construção não sem bem de que ainda.
• A Quadra de Esportes é a mesma depois de 30 anos e hoje está fechada. Já cheguei a assistir campeonato de Handball, comandado por Litinho.
• Nosso Ginásio de Esportes, que tinha um dos melhores tipos de piso e era referência regional hoje a quadra é de concreto.
• O único estádio, palco dos jogos do intermunicipal, está fechado.
• O Clube Social, (do qual eu era sócio), após desastrosas gestões, teve os documentos defenestrados, atolado em dívidas e acabou virando uma propriedade particular.
• A CLD tem um rombo imenso deixado pelos seus ex-gestores que impede que seja aberta uma nova CDL, atualmente vai ser aberta a Associação Comercial (não sei se já abriu).
• O Ginásio, que se chamava Centro Educacional Cenecista Prof. Diógenes Vinhaes, com uma estrutura imponente, quadra de esportes e banda marcial de dar inveja a qualquer cidade do interior da Bahia hoje não é mais o mesmo. Não tem mais o popular Pastor que deu a sua vida pelo colégio e Litinho, que dedicou sua vida ao esporte, hoje merecidamente esta aposentado.
• A conhecida Escola de Comércio, essa coitada, está em ruínas. Não importa se é alvo de questão trabalhista, ou seja, lá o que for... 30 anos de administrações e novecentos milhões arrecadados pelo município e após esse período ela é um prédio abandonado. Desafio uma família de Itajuípe que não tenha sido contemplada por essa entidade e seu curso de Contabilidade.
• O Lactário, que tanto apoiou os mais carentes da cidade, fechado e caminha para virar outra ruína.
• A Câmara de Vereadores, nesse tempo todo, não conseguiu sequer se articular para ter uma sede própria. Entra Vereador e sai Vereador, mas os interesses por lá são outros.
• A prefeitura é a mesma há mais de 30 anos, e hoje, ao passar pela praça olhe para ela, nem uma pintura nova ganhou, parece mais um prédio abandonado.
• O cais da cidade está há mais de 10 anos reformando o passeio, terminaram esse ano.
• Os pedalinhos do lago sumiram e depois de 30 anos, com 2 lagos, sequer exploramos esse potencial. Alguém aqui conhece na região uma cidade que tem 2 lagos como o nosso?
• As 3 passarelas que tínhamos sob o rio desapareceram.
• Os jardins da Pitangueira servem de pasto para os animais há mais de 30 anos. Não possuem sequer um banco para sentar.
• E a festa da Pitangueira? Antes com barracas arrumadas, com cadeiras, que atendiam as famílias de Itajuípe hoje perdeu muito o padrão, das barracas ao parque.
• O prédio de Correia Ribeiro só tem as paredes. Quase um quarteirão no centro da cidade abandonado há mais de 20 anos.
• A feira-livre, onde se vendia de tudo, é suja, menor a cada ano e vai acabar desaparecendo.
• Nosso matadouro desapareceu.
• A rodoviária virou uma fábrica de chocolate.
• Casas Populares que não foram concluídas e sim invadidas
• Quantas pessoas foram para outras cidades em busca de oportunidades e são verdadeiros talentos e casos de sucesso que perdemos de nosso convívio diário.
Que justificativa podemos dar para 30 anos e 900 Milhões de reais e termos uma cidade assim? Não são 30 dias, nem 30 semanas... são 30 anos... Onde estávamos durante esse tempo?
Portanto, enfrentemos um corajoso e grande desafio – escolher um novo Gestor. Precisamos ter um entendimento espiritual e moral onde deve prevalecer valores que possam contribuir altivamente para uma nova cidade. Não devemos acompanhar esse ou aquele candidato por uma promessa de emprego ou negociação comercial. Não devemos vender nossa cidadania. Não devemos passar o tênue limite da prevaricação, da leniência e da apatia. Devemos nos unir. Não devemos ficar mais 30 anos olhando a nossa cidade se apagar com suas memórias, cultura e cidadãos. Acorda Itajuípe!
Ah! Não sou candidato a nada, é apenas um desabafo de meus pensamentos.
Jauberth Weyll Abijaude, professor da UESC.
2 comentários:
Perfeito Jaubert, belas reflexões que nos ajudou a perceber o quanto Itajuípe andou para trás.
Muito bom esse texto, trouxe-me lembranças de uma infância maravilhosa que tive nessa cidade. Hoje não vivo mais lá, mudei à 20 anos, mas ainda sou apaixonado por ela, por isso deixei uma semente ainda lá, meu voto, período em que faço questão de retornar e reencontrar amigos, parentes...
Jauberth, vc precisa escrever mais a respeito dessa cidade, com essa visão descompromissada e real da nossa ciadade!!!
Postar um comentário